Resumo Neste artigo intento retomar a noção de espaço e sua construção como categoria moderna orientada pela racialidade, pelos pilares ontoepistemológicos da separabilidade, da determinabilidade e da sequencialidade, pautada em uma pretensão universal. Contraponho o espaço moderno ao espaço-lugar, tal como proposto por Muniz Sodré, para, em meio a essa contraposição, vislumbrar outras possibilidades de compreender e habitar o espaço. Apresento assim o movimento de renovação urbana em curso em Cidade Ademar (SP) enquanto jogo com a afetabilidade como caminho para explorar as frestas que a representação espacial moderna busca ocultar no distrito. Trato, enfim, de apresentar/confrontar o sujeito moderno que se esconde sob o manto da racionalidade e da universalidade, aquele que organiza e se apropria do espaço por ele continuamente nomeado, a fim de desnaturalizar a violência moderna/colonial que suprime outros entendimentos espaciais orientados pela relacionalidade, ou pela afetabilidade.
Abstract In this article I attempt to reclaim the notion of space and its construction as a modern category oriented by raciality, by the onto-epistemological pillars of separability, determinacy and sequentiality, based on a universal pretension. I contrast modern space with place-space, as proposed by Muniz Sodré, in order, in the midst of this contrast, to glimpse other possibilities of understanding and of inhabiting space. Thus, I present the ongoing movements of urban renewal in Cidade Ademar, São Paulo, while playing with affectability as a way to explore the cracks, which modern spatial representation seeks to hide in the district. Lastly, I attempt to present/confront the modern subject who hides himself under a cloak of rationality and universality, who organizes and appropriates the space he continually names, in order to denaturalize the modern/colonial violence that suppresses other spatial understandings oriented by relationality, or by affectability.